Quando Era Criança Vivia "Fazendo Arte"

Quando era criança, viver "fazendo arte" era sinônimo de travessura. Hoje, as expressões criativas continuam a transformar o mundo ao nosso redor.

Quando era criança, adorava subir em árvores, brincar e, claro, fazer travessuras. Por sua vez, os adultos viam por outro prisma. Ao ouvir o som de risadas travessas ou passos apressados, já vinham com aquele olhar desconfiado.

Dizendo que estava “aprontando” de novo, ou, como gostavam de repetir, “fazendo arte”.

Coincidência ou não, no quintal de casa havia uma árvore incrível, cheia de galhos retorcidos e uma copa frondosa, onde eu me empoleirava e tornava-se invisível.

Era para lá que eu corria, após "fazer alguma arte".

Me escondendo entre as folhas totalmente camuflada. Dali de cima, observava os pássaros voando, as nuvens deslizando, e as pessoas lá embaixo, com caras de quem sabiam que eu estava por perto, mas sem ideia de onde, enquanto também ouvia alguém gritar “cadê a Bella Khriztina?”. Ah, o nome duplo... parece que ele se intensificava de tamanho quando lá vinha bronca.

Hoje, quando me pego mergulhada em pensamentos, tento avaliar essa expressão que me acompanhou por tanto tempo: “fazendo arte”.

Curioso como, na infância, arte era sinônimo de travessura.

Mas, ao longo dos anos, fui percebendo que, de certa forma, mesmo na fase adulta, podemos continuar “fazendo arte”. Seja com uma folha de papel, seja com uma história contada entre risadas, ou até mesmo em nossa subidas imaginárias às árvores da vida, onde ainda nos permitimos ver o mundo com olhos curiosos.

Afinal, "fazer arte" nunca foi só sobre as traquinagens de crianças inquietas.

Hoje, fazemos arte com palavras, pintamos mandalas e com os sonhos que estamos constantemente a cultivar.

Talvez, quem sabe, aquelas crianças que se divertiam com tão pouco já soubessem, no fundo, que "fazer arte" foi, na verdade, o jeito mais autêntico que encontramos de nos expressar e, de certa forma, transformar o mundo ao nosso redor.